segunda-feira, 13 de abril de 2009

Sinais Dos Tempos - 1


"Os modernos mestres da ciência muito se impressionam com a necessidadede iniciar todas as investigações com um fato. Os antigos mestres da religião igualmente se impressionavam com esta necessidade. Começavam com o fato do pecado - fato tão prático como as batatas. Pudesse ou não o homem ser lavado em águas milagrosas, não pairaria nenhuma dúvida de que ele desejava lavar-se. Mas certos líderes religiosos de Londres, não somente os materialistas, começaram a negar nos dias de hoje não a altamente questionável água, mas sim a inquestionável sujeira.
Certos novos teólogos questionam o pecado original, que constitui a única parte da teologia cristã que pode realmente ser provada. Alguns seguidores do rev. R.J. Campbell, em sua espiritualidade quase exigente demais, admitem a ausência de pecado em Deus, que não podem ver nem em sonhos. Mas eles essencialmente negam o pecado humano, que eles podem ver na rua. Os santos mais poderosos, assim como os mais poderosos céticos, tomaram o mal positivo como ponto de partida de sua argumentação. Se for verdade (como certamente é) que o homem pode sentir uma felicidade extraordinária em esfolar um gato, então o filósofo religioso só pode fazer uma entre duas deduções. Ou ele deve negar a existência de Deus, como fazem todos os ateus; ou deve negar a presente união entre Deus e o homem, como fazem todos os cristãos. Os novos teólogos parecem pensar que uma solução altamente racionalista é negar o gato."

G.K. Chesterton, em "Ortodoxia", pag. 27.

Impressionou-me a extraordinária atualidade do texto, já centenário. Parece ter sido escrito a semana passada, tamanha a sua relevância. Desde que a sociedade ocidental aboliu o conceito altamente saudável de pecado, temos assistido à degradação de nossa civilização, que consome a sí mesma. Perversões morais são hoje tratadas como enfermidades ou aceitas como opção de vida. As leis, que deveriam se constituir em ferramentas adequadas para tratar os perversos, estão sendo, pouco a pouco, manhosamente adaptadas para protege-los e servi-los com mais vítimas. Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude, dando-nos sabedoria e coragem para resistir nestes dias maus.

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