sexta-feira, 20 de março de 2009

Algumas Visões De Como Acontece A Vida Cristã - Parte 4

Uma visão equilibrada.

A dinâmica da vida cristã pode ser definida através de duas palavras: relacionamento e crescimento. Qualquer perspectiva que ignore ou diminua a operação destas duas realidades não pode ser encarada como correta. O que pudemos verificar nas visões da vida cristã apresentadas foi exatamente isto: elas erram num modo, ou no outro. Ou em ambos.

Na visão católico-romana, não existe relacionamento e nem crescimento. O fiel simplesmente comparece, recebe e se vai. Por isso, propositalmente, o gráfico foi representado através de uma linha horizontal, apontando para estas deficiências.

A visão da santificação instantânea por sua vez, apesar de pressupor alguma forma de relacionamento com Deus, não deixa muito espaço para um crescimento espiritual, já que o discípulo, nesta perspectiva, alcança um elevadíssimo nível de santidade logo na salvação, cabendo a ele depois , apenas administrar esta "exaltada condição".

Na visão pentecostal tradicional existe crescimento, mas não relacionamento. Ou, dizendo de outra maneira, existe uma relação não amorosa, pois o discípulo tem que praticamente "arrancar" sua benção das mãos de um deus resistente em entregar. E, uma tal relação, não pode ser saudável.

O que nos resta então?

Nos resta o equilíbrio. Apresento o gráfico abaixo como uma modesta tentativa de visualização de como a vida cristã deveria se desenvolver.



Logo após a experiência da salvação, o discípulo entra numa relação filial com Deus, que o adota, o lava, o santifica e justifica (Rm.8:15; I Co.6:11). E, num relacionamento deste tipo, não há sentido em manter atitudes de medo, ou de barganha. Tudo isto pertence à velha vida, onde a permuta interesseira é o padrão. O discípulo deve saber que em Cristo, todos os recursos do Pai celestial estão a sua disposição e que podem ser acessados a qualquer tempo (Mt.6:25-34; Ef.1:3; Fp.4:19). E quando falamos de recursos, não nos referimos a coisas materiais (que sem dúvida, estão incluídas), mas principalmente a provisão para o crescimento espiritual, que é a vontade de Deus-Pai para o filho-discípulo (I Ts.3:12). Deus-Pai espera deste novo filho, uma disposição mental adequada (Rm.12:1-2; Cl.3:1-4), pela qual ele efetivamente crescerá na fé, estando assim, sempre habilitado a alcançar níveis mais altos de vida com Deus. O alvo final desta vida elevada, é a semelhança com o Filho perfeito, Jesus Cristo (Ef.4:13). Esta semelhança não é uma utopia, mas um alvo alcançável ainda nesta vida(Rm8:11; Gl.5:16). O discípulo pode desenvolver uma tal identificação com o Senhor a ponto de ser um com Ele (Jo.17:21-23). Isto é relacionamento. Relacionamento que cresce e é fortalecido. O caráter do fiel irá pouco a pouco ser restaurado, ser limpo de toda as manifestações da velha vida.

E os enchimentos do Espírito Santo?

Eles pouco a pouco, deixarão de ser pontuais e episódicos, para se tornarem parte integrante da vida e cotidiano do discípulo. Jesus não precisava se preparar para operar no poder de Deus. Ele sempre estava pronto ( Jo.11: 41-42). O mesmo pode acontecer com qualquer fiel (Jo.14:12). À medida em que o caráter se alinhar com o carisma, a vida cristã se tornará uma "unidade" em Deus. Toda incoerência e obstáculo será removido. O fluir do Espírito Santo acontecerá sem impedimentos. A mente experimentará a bendita renovação, os pensamentos ficarão cativos ao Senhor Jesus (IICo.10:4-5), a carne com suas concupiscências será realmente crucificada (Gl.5:24). O amor ágape torna-se-a a motivação das obras praticadas pelo discípulo (I Co.13:1-13).

Ao longo da história da igreja, foram poucos os homens e mulheres fiéis que experimentaram este nível de espiritualidade, infelizmente. Mas isto não faz deste projeto de vida algo impraticável. Serve apenas para nos lembrar que, a vida cristã vivida no padrão de Deus, é algo totalmente além e acima dos nossos modelos religiosos. É uma experiência completamente sobrenatural, sobre-humana, divina. 

segunda-feira, 16 de março de 2009

Algumas Visões De Como Acontece A Vida Cristã - Parte 3

Visão pentecostal tradicional

Na perspectiva pentecostal clássica, a vida cristã está dividida em dois tempos bem definidos: da conversão à Cristo até o batismo com o Espírito Santo e, do batismo com o Espírito Santo até o fim da vida terrena. De modo geral assume-se que, durante a primeira fase, a vida cristã do discípulo é inócua espiritualmente: ele não está preparado para a “obra de Deus” pois não recebeu ainda o “batismo com fogo”. Insiste-se que ele deve buscar este batismo, também chamado de “segunda benção” (a primeira é a salvação), através do qual obterá poder e a habilidade de falar línguas estranhas, prova incontestável de ter obtido o que buscava. Somente após a dita experiência é que o discípulo estará apto a trabalhar para Deus e sua carreira cristã torna-se-a uma sucessão de vitórias.

Mas será realmente assim?

Ao se ler o Novo Testamento realmente podemos notar, na vida dos discípulos do Senhor Jesus, um antes e um depois, e que o ponto de viragem envolveu algum tipo de experiência com o Espírito Santo. Tais experiências foram reais e eficazes nas vidas deles. Mas será correta a interpretação que o pentecostalismo oferece? O batismo com o Espírito Santo realmente muda a vida de um cristão.

Antes vamos analisar duas palavras gregas. A primeira é “plethõ(πλήθω), que tem o sentido de encher até transbordar, extravasar de maneira a ser visto de fora. Ela é usada em Mt.27:48, Lc.1:15, 1:41, 1:67, 4:28, 5:7, 5:26, 6:11, Jo.19:29, At.2:4, 3:10, 4:8, 4:31, 5:17, 9:17, 13:9, 13:45 e 19:29.

A segunda palavra é “pleroõ” (πληρόω), e tem o mesmo sentido de encher, mas de modo brando, sem rompimento ou extravasamento, muitas vezes sem ser notado externamente. Ela é usada em Lc.2:40, 3:5, Jo.12:3, 16:6, At.2:2, 5:3, 13:52, Rm.1:29, 15:14, II Co.7:4, Ef.3:19, 5:18, Fp.1:11, Cl.1:9 e II Tm.1:4.

Da comparação dos contextos onde cada palavra aparece, fica claro que o batismo com Espírito Santo é um enchimento “plethõ”: repentino, pontual e que tem o propósito de ser um revestimento para alguma tarefa específica ( Lc.24:49). A rigor, ele não interfere no caráter de quem o recebe. Já o enchimento do Espírito, conforme o sentido de “pleroõ” é uma operação gradativa, processual e está intimamente relacionada à vontade da pessoa, interagindo com sua índole.

Confundir caráter com carisma é um pecado antigo da igreja. A história de Sansão é o exemplo clássico: ele tinha muito poder, mas vivia dando vazão à sua sensualidade (Juízes caps.13 a 16). A capacidade de discernir e evitar o pecado é fruto de um caráter transformado, não um dom espiritual. O episódio da serpente atacando a Paulo (At.28:3-6) é uma ótima ilustração: o crente maduro pode até ser atacado pelo “tentador”, mas nele está aperfeiçoado o poder para resistir.

Como vimos, as experiências espirituais visam a capacitação para o ministério. Mas, à medida que o discípulo cresce em entendimento, fé e amor, ele vai se identificando mais e mais com o Espírito Santo que já habita nele (Jo.14:17, 17:22, Ef.1:13), e é isto que santifica o discípulo.

Portanto, a visão de que o batismo com o Espírito Santo faz do discípulo um ser impecável não é bíblica. Não nos serve de padrão. 

domingo, 15 de março de 2009

Algumas Visões De Como Acontece A Vida Cristã - Parte 2

A visão da santificação total e instantânea. 

Nesta perspectiva, entende-se que o discípulo, ao receber Jesus como seu senhor e salvador, recebe também uma condição de completa impecabilidade e que, a partir deste momento, sua jornada no mundo irá se realizar sem falhas morais, em perfeita harmonia com o caráter e vontade divinas.

O pecado é entendido como evidência da ausência do verdadeiro novo-nascimento e o arrepender-se é exclusivamente para que a pessoa deixe uma vida de engano na religião e receba a verdadeira vida eterna. Não há um conceito de santificação progressiva nem de restauração para o discípulo caído. Um tal ambiente produzirá, inevitavelmente, cristãos estressados, frustados e desistentes. A carreira cristã torna-se um projeto utópico e irrealizável. E o que é pior: sem um caminho de volta!  Gera também cristãos farisaicos, cheios de orgulho por, aparentemente, levarem uma vida sem pecado.

É compreensível como certos pensadores cristãos chegaram a um padrão doutrinário tão extremo. Há, de fato, inúmeros textos que podem ser lidos nesta perspectiva de perfeição consumada. Vejamos alguns:"

E estais perfeitos nEle, que é o cabeça de todo principado e potestade (...)” - Cl.2:10.

"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado (...)" - I Jo.5:18.

"Entretanto expomos a sabedoria entre os perfeitos (...)" - I Co. 2:6.

Poderíamos citar outros, mas estes já dão uma idéia de como a Bíblia pode ser usada para dizer muito além do que realmente disse.

Todos os textos acima falam da condição posicional do cristão em Cristo, que é, Ele sim, perfeito. Quando Deus-Pai olha, Ele vê o discípulo através de e em Cristo. Por isso Paulo pôde dizer que os crentes foram ressuscitados e estão assentados com Cristo nas regiões celestiais (Ef.2:6). Mas, fisicamente ainda estão neste mundo. E é por isso que a mesma Escritura exorta à firmeza, à perseverança, às boas-obras (II Pd.1:1-12). Bem como, provê abundante restauração para a ovelha caída no pecado e desejosa de voltar ( Lc.15; II Co.2:5-11; I Jo.1:9, 2:1). É muito oportuno lembrar as humildes palavras do apóstolo Pedro: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?” (At.15:10).

Assim, esta visão também não está de acordo com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, não é o padrão para nós.


sábado, 14 de março de 2009

Algumas Visões De Como Acontece A Vida Cristã - Parte 1

Desde que O Senhor Jesus Cristo estabeleceu a igreja para dar prosseguimento ao Seu ministério entre os homens, ficou subentendido que os que fizessem parte dela deveriam adotar um padrão de conduta distinto da sociedade em redor. E fazer isto não é, de maneira alguma, uma tarefa fácil. 

Para evitar o padrão mundano, há que se seguir um outro padrão. Ao longo da história da igreja, foram sendo estabelecidos alguns, sempre influenciados pelas doutrinas e circunstâncias prevalecentes, e com algumas variações, estas maneiras de viver a vida cristã são seguidas até hoje. Nesta postagem e em outras que virão, analisaremos estas perpectivas, procurando sempre o equilíbrio da verdade bíblica.

Primeiramente, veremos a visão católico-romana tradicional

Na doutrina católico-romana tradicional, não existe salvação fora da instituição estabelecida como Igreja Católica Romana: somente ela é a detentora e administradora dos meios de salvação que são os sacramentos. Estes são sete: batismo, confirmação (ou crisma), eucaristia, reconciliação (ou penitência), matrimônio, ordem (ou ordenação) e unção de enfermos (ou extrema-unção). 
Quando o fiel católico participa deles, através das palavras e rituais apropriados, ele tem sua fé fortificada, seus pecados perdoados,  recebe a graça de Deus e confirma sua condição de salvo. 
Os sacramentos são considerados totalmente eficazes, pois não apenas simbolizam uma realidade espiritual, como efetivamente a produzem. 
Uma das consequências mais óbvias desta visão da vida cristã é que ela exige muito pouco, ou mesmo nada, do discípulo. Tudo pode ser resolvido com um ritual. Não há como se encorajar um compromisso e uma responsabilidade pessoal. A vida se resume a uma alternância entre uma má obra e o sacramento para anula-la. Isto é muito próximo da cosmovisão animista, na qual os poderes misteriosos do universo podem ser aplacados com rituais adequados. 

Nada mais distante da vida abundante proposta por Jesus. Para começar, a Bíblia nada sabe acerca de sacramentos. Sacramento é um conceito vindo do paganismo, adaptado dos rituais de iniciação das religiões de mistério, muito populares nos tempos do império romano. Jesus deixou para Sua igreja apenas duas ordenanças, batismo e ceia. E mesmo estes são atos simbólicos, que descrevem no mundo físico algo que efetivamente já ocorreu no mundo espiritual. Eles não tem, por e em si mesmos, qualquer virtude. O que os legitima diante de Deus é a fé do discípulo, que alegra o coração do Pai pela atitude de submissa obediência aos Seus  mandamento, e não pela participação no ritual. 

A graça chega ao discípulo de Cristo no momento em que ele reconhece sua condição de perdido e entrega sua vida ao Salvador (Ef.2:8-9). O que acontece dai em diante é que ele vai aprender a como permanecer e como se apossar mais e mais desta graça (Fp.2:12-13). A Bíblia alerta que ele (o discípulo) pode, sim, cair da graça (Gl.5:4), devido a alguma sedução, mas para voltar basta reconhecer o erro e se arrempeder (I Jo.1:9;2:1). Nada mais!

Portanto, a visão católico-romana não passa no teste escriturístico e não serve como padrão de conduta. 

quinta-feira, 12 de março de 2009

Os Terríveis Frutos do Ateísmo


O professor de Ciência Política Rudolph J. Rummel, da Universidade do Havaí, empreendeu uma colossal pesquisa onde mapeou todos os assassinatos em massa ocorridos na história desde o século III a.C. até o século XX. E os números são horripilantes.
O trabalho, que lhe rendeu um premio academico, foi resumido no livro "Never Again: Ending War, Democide & Famine Through Democratic Freedom (Coral Springs, FL, Lumina Press, 2005)", e a pesquisa completa pode ser acessada no site http://www.hawaii.edu/powerkills, inclusive com fotos.
O professor Rummel substitui o termo genocídio por democídio, que no entender dele explica mais adequadamente a matança de populações civís inteiras por iniciativa de governos. Vamos a alguns números:
Mortos ...
-Pelos imperadores chineses ao longo de 23 séculos: 33.519.000
-Pelos invasores mongóis da Europa dos sec.XIV a XV: 29.927.000
-Pelos impérios coloniais (Portugal, Espanha, etc): 50.000.000
-Pelo império japonês (obs.: a grande maioria das vítimas é chinesa): 5.000.000
-Pelo governo revolucionário da China (comunista) 72.702.000
-Pelo governo revolucionário soviético (comunista): 61.911.000
-Pelo regime nazista 20.946.000
-Pelo Kuomitang (governo revolucionário chinês não-comunista): 10.075.000
-Por ordem direta de Mao-Tse-Tung: 3.468.000

A primeira coisa que se constata é que a vida humana vale muito pouco para os governos humanos.

A segunda coisa que se nota claramente, é o aumento da crueldade no séc.XX, particularmente nos chamados movimentos revolucionários de orientação marxista. Estes mataram em menos de 100 anos, mais do outros regimes mataram ao longo de 20 séculos de história! E pode acreditar, isto não é fortuito.

Em uma postagem anterior, comentamos acerca de como o século XIX foi um ponto de viragem importante na civilização humana. Tradicionalmente é ensinado que foi uma época de grandes avanços sociais e científicos, mas na realidade, foi uma época em que a humanidade (em particular a sociedade ocidental), foi tomada de assalto por forças espirituais extremamente cruéis, que levaram países inteiros à morte e governos ao assassinato frio. A Teoria da Evolução e a doutrina marxista, solaparam qualquer vestígio de compaixão ou misericórdia no que se refere aos tratos sociais. Já que o homem é apenas um animal evoluído e um mero peão num jogo de enormes interesses econômicos, para que se preocupar se vão morrer algumas dezenas ou alguns milhões!

Este é o espírito que tomou as rédeas da civilização atéia na qual vivemos. Gostaria de saber qual é a explicação que os falantes ateus, agnósticos e marxistas dão para justificar este inconcebível derramamento de sangue.

"Disse o néscio no seu coração: não há Deus! Têm-se corrompido e têm cometido abominável iniquidade; não há ninguém que faça o bem." - Sl.53:1.

Com informações extraídas do site www.olavodecarvalho.org.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O Mito da Neutralidade

Um dos mitos mais perniciosos e malignos que praguejam a raça humana é o mito da neutralidade. Ele é um produto do ateísmo e anti-Cristianismo, pois pressupõe um cosmos de factualidade não-criada e sem sentido, de fatos brutos ou sem sentido. Porque todo ato e fato do cosmos é então sem sentido, e também sem relação com outro fato, todos os fatos são neutros.

O Absurdo da Neutralidade
A palavra “neutro” é curiosa. Ela vem do latim “neuter”, significando “nem um, nem outro”, e tem referência original ao gênero, isto é, nem macho nem fêmea. Ela ainda tem esse significado: um homem neutralizado é um eunuco, um castrado.
Ela tem agora o significado de não tomar partido e, supostamente, a lei e os tribunais são “neutros”. Isso em si mesmo é absurdo. Nenhuma lei jamais é neutra. A lei não é neutra sobre roubo, assalto, assassinato, estupro, ou perjúrio: ela é enfaticamente contra essas coisas, ou deveria ser. Novamente, nenhum tribunal ou juiz bom pode ser neutro sobre essas coisas sem destruir a justiça. Além do mais, nem a lei nem os tribunais podem ser neutros com
respeito a um homem acusado desses ou outros crimes. Antes, um bom tribunal “suspende um julgamento” pendente de testemunho. A neutralidade apresenta uma indiferença; um julgamento suspenso significa que qualquer conclusão deve ser precedida por uma análise rigorosa de evidência.
O mito da neutralidade impede a justiça porque atribui à lei e aos tribunais um caráter que está em muito conflito com a própria natureza delas. Além do mais, é dado aos tribunais o poder de falsificar casos, como a Suprema Corte dos Estados Unidos habilmente o faz. Por exemplo, ao lidar com casos educacionais, a Corte, que tinha declarado ser o humanismo uma religião, não reconhecerá que a educação humanista, isto é, nosso sistema educacional do Estado de hoje, não é religiosamente neutra. As escolas cristãs são tidas como sendo “religiosas” e “não-neutras”, mas as escolas humanistas do Estado são vistas como “neutras”.

A Maior Violação da Primeira Emenda
Há uma razão para essa cegueira deliberada. Admitir que a educação é uma tarefa inescapavelmente religiosa, e é sempre não-neutra, significa que as escolas do Estado violam a Primeira Emenda. Elas são estabelecimentos religiosos que ensinam uma religião alheia a maioria dos cidadãos, e fazem isso com fundos públicos. Poucas coisas nos Estados Unidos violam mais a
Primeira Emenda do que as escolas públicas. Desde o seu começo, a escola pública ou do Estado tem sido destrutiva da liberdade civil e, crescentemente, da fé bíblica.
Para que a Corte reconheça esse fato seria necessário uma re-direção radical da vida na América. Requereria, além disso, uma mudança radical na Corte. A Suprema Corte dos Estados Unidos se tornou o Sinédrio, o Vaticano ou o Concílio Nacional do humanismo na América. Ela é uma agência militante e fanática da religião humanista, e usa seu poder para suprimir e punir os rivais da religião Federal. As sessões da Corte constituem uma versão moderna da “guerra santa” contra o Cristianismo. Ao mesmo tempo, o mito da neutralidade tem sido usado para castrar a
teologia e as igrejas. O American Educational Trust de Washington, D.C. publicou recentemente um atlas e almanaque de John C. Kimball (The Arabs, 1983). Kimball escreve:
Os muçulmanos têm sempre crido fortemente que a religião diz respeito não somente ao que uma pessoa crê, mas o que ela faz e as inter-relações da sociedade. Diferente do pensamento cristão que vê uma clara distinção entre a dimensão secular e religiosa da vida, o pensamento muçulmano sustenta que idealmente o secular e o espiritual pertencem à mesma esfera. (p. 5).
Essa, sem dúvida, é a posição bíblica, que todas as coisas estão debaixo da lei e do governo de Deus, e qualquer divisão da vida entre o religioso e o não-religioso é falsa. Porque Deus é o Senhor e Criador de todas as coisas, não existe nenhuma esfera da vida e pensamento fora de Sua jurisdição, governo e lei. Sustentar que existe é negar Deus e afirmar o politeísmo. E isso
é precisamente o que muitos teólogos têm feito. A ressurgência do Islamismo é devido ao reavivamento dessa premissa.

O Botão de Van Til
O mito da neutralidade é mais compatível com a natureza caída do homem. O dr. Cornelius Van Til apontou que, se houvesse um botão em todo o universo, o qual, se apertado, daria ao homem uma pequena esfera de experiência fora de Deus e em liberdade de Deus, o homem caído sempre estaria com o seu dedo nesse botão. O fato trágico é que muitos pastores assumem a existência de tal botão! Eles sustentam que a maior parte da vida está fora da lei de Deus, e até mesmo negam a validade da lei de Deus. Eles crêem de fato que o homem deve ser salvo na igreja, mas pode ser não-salvo fora da igreja na educação, política, economia e todas as outras coisas. Eles literalmente assumem que a maior parte do mundo é por natureza uma esfera ímpia, e assim deve permanecer.

O Épico de Gilgamesh dos babilônios sustentava que apenas uma pequena área da vida é a preocupação dos homens, que são inescapavelmente ignorantes do bem e do mal porque os deuses “retém em suas próprias mãos” o conhecimento da maioria das coisas sublimes. Essa era claramente uma expressão de cinismo religioso. A teologia moderna vai mais adiante: ela vê
Deus como indiferente para a maior parte da vida, e limita a província do sagrado a uma pequena esfera. Na Babilônia, as leis de “justiça” vinham do rei, não dos deuses. Na civilização Ocidental moderna, as leis de “justiça” vêm do homem, do Estado: Babilônia a Grande está em processo de construção.

Phillip Lee Ralph, em The Renaissance in Perspective (1973), disse: “Juntamente com outros pensadores da época, Erasmo, More e Maquiavel compartilhavam uma convicção que, sem alguma mudança na natureza humana ou alguma alteração drástica das instituições, a ordem política poderia ser feita para servir aos objetivos humanos desejáveis” (75 s.). Em outras palavras, o mundo inteiro está fora de Deus e neutro para com Ele e, portanto, a boa sociedade pode ser criada fora da salvação de Deus e Sua lei, e em indiferença para com Ele. Nos Estados Unidos, essa é a suposição de cada reunião do Presidente com o Congresso, e é a premissa da política moderna em todos os lugares. Começando com a premissa que existem esferas neutras fora de Deus, o homem termina declarando que Deus é totalmente irrelevante para os homens. Somos informados que essa é uma questão de neutralidade, quer ou não as pessoas creiam em Deus e em Sua lei. Em todo esse pensamento, o homem está agindo sobre a suposição que, ao apertar esse botão de neutralidade intelectual, as alegações de Deus são eliminadas ou desaparecem. Contudo, o fato é que Deus controla todos os botões! E Seu veredicto sobre o mito da neutralidade e todos os seus aderentes pode ser apenas juízo.

Dr. Rousas John Rushdoony(1916-2001)
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Extraído de Monergismo.com.br

sábado, 7 de março de 2009

Os 4 Limites da Vida Cristã


"Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação com que fostes chamados."(Ef.4:1)

Neste trecho, a palavra andeis é a palavra grega "peripatêo", que tem o sentido de andar livremente, mas dentro de limites; ou, ainda, andar com habilidade, seguir como um acompanhante. A idéia que o Espírito, atravez da pena de Paulo,  quer nos passar é a de que o cristão tem liberdade para se movimentar, mas dentro de certos limites. E definir quais e quantos são estes límites tem, de certo modo, sido a história do cristianismo desde o seu surgimento. 

Mas, com certeza, nosso Senhor não nos deixaria uma instrução que fosse impossível ou complicada demais para ser seguida. Muito ao contrário! Como Ele mesmo disse, Seus mandamentos não são pesados. O que muitas vezes nos falta é a singeleza e a coragem de sermos simples, e entender que quaisquer que sejam estes límites, eles existem para nos proteger e fortalecer em nossa caminhada de fé.  O que passo a compartilhar é uma modesta perspectiva acerca do tema. Espero que abençõe a quem o ler. 

Quais seriam então estes 4 limites?
O primeiro é o Limite da Doutrina.
Jesus disse: "... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado..."(Mt.28:20). É óbvio que todo discípulo de Cristo está comprometido com a doutrina de Cristo. Existem certos fatos e disposições que não podem ser negociadas. A divindade de Jesus, Seu nascimento virginal, Sua morte substitutiva e expiatória, Sua ressurreição e ascenção e soberania sobre os assuntos humanos são, entre muitos outros, artigos de fé que alicerçam nossa confissão. Quem os rejeita ou os adultera, rompeu os límites do discipulado, e não pode ser contado como participante da família de Deus. Consulte também: Jo.14:21; At.2:41-42; At.17:10-11; Rm.16:16; I Co.15:1-4; Gl.1:6-9; Jd.3-4.

O segundo é o Limite da Autoridade.
Jesus disse: "... Vós me chamais o Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou."(Jo.13:13). E ainda: "... Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossas almas ..."(Hb.13:17).  Se há um princípio muito nítido nas Escrituras é o princípio da autoridade. Deus organizou o Universo para que funcionasse mediante uma hierarquia de poderes. A anarquia e o governo "democrático" não tem respaldo na Bíblia. Jesus é o nosso SENHOR e, quando partiu, delegou Sua autoridade para que um grupo de homens continuasse Seu ministério. Se os líderes cristãos fazem mau uso deste poder delegado é realmente um problema, mas isto não anula o princípio bíblico. Alguem que não respeita nem se submete à orientação de seu(s) lider(es), também ultrapassou os limites da vida cristã e está espiritualmente exposto. Outros textos relacionados: Lc.5:1-10; Jo.21:18-22; At.15:22-31; Cl.3:22. 

O terceiro é o Limite da Consciência. 
"... A fé que tens, tem-na para tí mesmo perante Deus. Bem aventurado o homem que não se condena naquilo que aprova."(Rm.14:22). 
Deus nos criou para sermos livres, e para tanto concedeu a cada indivíduo a capacidade de auto-governo. Todos os seres humanos, sem exceção, vem ao mundo com a habilidade de avaliar e decidir.  Cada um desenvolve um sistema de valores próprio seu, de acordo com sua cosmovisão particular. Isto é a consciência. A conversão à Cristo não a elimina, mas acrescenta-lhe outros parametros. Assim, todo discípulo é livre para viver a sua fé pessoal conforme a entende, desde que, é claro, esteja dentro da doutrina e submisso a autoridade. Um comportamento irresponsável, mesmo que carregue um rótulo cristão, é abominável e sujeito à juízo.  Veja outros textos: At.23:1; Rm.14:14; I Co.8:4-6; 10:23-24; Gl.5:1,13; I Tm.4:1-6; Tt.1:15.

E finalmente...
O quarto é o Limite do Amor. 
"... O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz incovenientemente, não procura os seus próprio interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo espera, tudo suporta ..."( I Co.13:4-7).  A doutrina, a autoridade e a consciência tornar-se-ão um peso enorme, se não forem vivificadas por uma atitude interior de compaixão e disposição para o sacrifício. O discípulo de Cristo deve ter como objetivo maior o não agradar a sí mesmo, mas sim ao seu irmão na fé. Somente esta atitude de amor é que trará a libertação necessária para que ele possa desfrutar da mesma liberdade que Jesus experimentou. Não há nada mais frustrante do que tentar seguir a Cristo com um coração endurecido para com o próximo. É uma religião de morte! Mas a presença do amor traz consigo a paz, que é a prova da presença do Senhor. Veja também: Mc.10:42-45; Jo.13:1-5; At.20:24; Rm.12:3; 14:1-15:3; I Co.8:1-13; 12:3-13:13. 

Não tenho a presunção de que esta seja a palavra definitiva sobre o assunto, mas quando cheguei a este entedimento, foi libertador para minha vida. Espero que outros alcancem a mesma graça e caminhem de modo digno diante do Senhor. A Ele toda a glória!


quinta-feira, 5 de março de 2009

Os Três Homens Que Comandam o Mundo De Seus Túmulos

Afirmo, sem medo de estar errado, que a moderna sociedade ocidental está sólidamente edificada sobre um amplo alicerce ateista. Ao contrário do que querem nos fazer crer os militantes ateus, o ocidente há muito deixou de ser uma civilização de identidade judaico-cristã e se tornou um rascunho do mundo sonhado pelos utopistas: científico, pluralista e sem Deus.

É óbvio que a religião ainda existe e muitas vezes desfrutando de grande visibilidade. Porém, está reduzida a pouco mais do que uma mera manifestação cultural de minorias ou a uma infraestrutura para a realização de obras sociais. O valor da religião, em particular do cristianismo histórico, como um elemento fundamental da existência, foi há muito esquecido.

E é claro que isto não aconteceu da noite para o dia. Foi um processo, ao longo do qual certos absolutos foram lentamente desbastados até sumirem do consciente coletivo. Paralelamente, os lugares vagos foram preenchidos com uma perspectiva totalmente naturalista, sendo que o único absoluto que restou foi o contraditório "não há absolutos!".

E nesta novela épica, da qual todos somos ao mesmo tempo espectadores e atores, três homens merecem especial menção, dado o papel fundamental que tiveram no ennredo. E não é exagero algum afirmar que eles continuam dirigindo o mundo a partir de seus túmulos. Vamos à eles.


Charles Darwin (1809-1882). Célebre naturalista inglês. À partir de sua famosa viagem a bordo do navio de pesquisas "Beagle", desenvolveu o conceito de evolução, identificando a seleção natural como o mecanismo que a natureza usa para aperfeiçoar as espécies. Expôs suas idéias em muitos escritos, sendo o mais conhecido "A Origem das Espécies"(1859). À época o livro foi bem recebido pela nova geração de naturalistas ingleses.

A obra de Darwin é a pedra fundamental sobre a qual a visão evolucionista cresceu e estabeleceu-se a ponto de tornar-se a única cosmovisão aceita. Deus foi solenemente dispensado de Seu papel de criador de todas as coisas, e esta honra foi passada à seleção natural. Desde então, os homens passaram a labutar confiados na "verdade" de que descendem de seres inferiores e que, a rigor, muita pouca coisa os diferencia. Foi uma mudança importante: em pouco mais de uma geração, os homens perderam completamente a dignidade de criaturas semelhantes ao seu criador, sendo rebaixados à condição de bestas-feras. E a evolução, ainda que nunca tenha sido cabalmente provada mediante fatos, foi estabelecida como verdade que não pode ser contestada.

Vamos ao segundo.




Karl Heinrich Marx (1818-1883). Filósofo e militante político de origem alemã. Tido como fundador do comunismo. Intelectual com grande capacidade de análise, fez uma leitura original dos eventos de seu tempo. Testemunhou as grandes mudanças sociais, políticas e econômicas pelas quais a Europa passou durante o século 19, propondo que a História nada mais é do que um interminável conflito de interesses: de um lado os donos do capital, querendo sempre mais lucro; do outro, os trabalhadores braçais, que nada mais tem do que sua prole e sua força para trabalhar. Na exploração destes por aqueles, é que Marx viu o sentido da vida. A História é a história da exploração dos pobres pelos poderosos e da luta dos explorados para se verem livres deste ciclo. Para Marx, a filosofia só tem sentido se puder mudar a realidade que descreve, por isso ele insistia em que os oprimidos deveriam lutar por sua liberdade. É neste processo de libertação que a sociedade avança para níveis superiores de organização.

Com sua doutrina, Marx também contribuiu para a extinção do conceito de Deus na mente coletiva, e não foi por escrever que a "religião é o ópio do povo". Ao afirmar que o processo histórico é um mero conflito de classes, ele desmontou a perspectiva judaico-cristã de um Deus soberano, que controla a História. O homem, que Darwin afirmou ser semelhante aos animais, agora também não tinha qualquer propósito histórico maior, nenhuma esperança sobrenatural. Ele estava no mundo apenas para resistir à exploração.

Darwin destruiu a semelhança de Deus no homem. Marx a soberania de Deus sobre a homem.

E finalmente...


Sigmund Freud (1856-1939). Médico neurologista austríaco. Fundador da psicanálise. Das experiencias que teve trabalhando com outros neurologistas no tratamento, principalmente, da histeria, desenvolveu teorias acerca da psique humana. Em especial, a teoria do inconsciente é tida como sua maior contribuição. Ao longo de sua vida como profissional, foi eleborando outros conceitos: pulsão, complexo, ego/superego. Da sua iniciativa de ouvir os pacientes falarem livremente acerca de sí mesmos, desenvolveu a prática psicanalitíca.

Em seu livro mais famoso ("A Interpretação dos Sonhos"), Freud descreve a mente humana como o local de desejos e instintos primitivos, que são refreados pela consciência, onde estão os valores morais e sociais que recebemos à partir da infância. Algumas vezes, estes pensamentos primitivos rompem a barreira da consciência, manifestando-se como sonhos ou lapsos (falhas de comportamento). Um aspecto muito polêmico na obra de Freud é que ele usava a si mesmo como modelo de pesquisa. Outro ponto questionado é o papel exagerado que ele atribuia à sexualidade.

Enfim, Freud também contribuiu para tornar nossa sociedade o que ela é hoje, pois no mundo freudiano o homem é um ser dominado por pulsões e complexos. A única coisa que o refreia são os valores sociais impostos pela sociedade. Não existe algo como pecado. O que existe são apenas dois princípios vitais que impulsionam a natureza humana: o sexo e a morte. Deus não tem qualquer soberania sobre um ser assim. Aliás, Deus é desnecessário, pois existe a terapia, que se propõe a solucionar os conflitos interiores.

E ai está o mundo dirigido por estes senhores. É ou não é um mundo ateu?

Darwin destruiu a semelhança de Deus no homem. Marx destruiu a soberania de Deus sobre o homem. Freud destruiu a consciência de Deus no homem.