sábado, 27 de março de 2010

O Evangelho Pagão


"A segunda maior dificuldade na cosmovisão da nova consciência vem com o que ela toma emprestado do animismo - uma legião de semideuses, demônios e guardiões que habitam a realidade separada ou os espaços interiores da mente. Chame-os de projeções da psique ou espíritos de outra ordem de realidade: de qualquer forma eles assombram a Nova Era e devem ser apaziguados por rituais ou controlados por encantamento. A Nova Era tem reaberto a porta fechada desde que o cristianismo expulsou os demônios das florestas, dessacralizou o mundo natural e simplesmente mergulhou um olhar turvo de interesse nos negócios do reino de anjos caídos de Satanás. Agora eles estão de volta, insinuando-se nas universidades, esgueirando-se sutilmente ao redor dos laboratórios de psicologia e provocando calafrios nas espinhas do jogadores de Ouija. O mundo moderno escapou do universo mecânico de nossos avós para a câmara gótica de horrores de nossos tataravós." - (James W. Sire, O Universo Ao Lado, United Press, 2001, pag.205.)

A veracidade da percepção que o professor Sire teve da atual condição da cultura moderna (particularmente a ocidental), pode ser nitidamente constatada ao olharmos o cenário religioso evangélico brasileiro: desde que o neoevangelicalismo se instalou, com suas doutrinas "contemporanizadas", adoçadas com promessas de muita prosperidade financeira e abundante cura física, a prática cristã ficou praticamente indistinguível das práticas superticiosas a que estavam sujeitos os pagãos da antiguidade.

Correntes, campanhas, águas ungidas, corredores místicos, orações fortes... . O repertório é tão extenso quanto a imaginação humana. Mas tudo com uma conveniente cobertura (muito fina diga-se) de cristianismo: textos e personagens bíblicos são invocados para darem credibilidade aos rituais.

Como no passado distante, o universo destas pessoas é povoado por espíritos cheios de "olho-gordo" e de inveja; eles estão sempre cercados por vizinhos maldosos, cujo passatempo preferido é fazer "trabalhos para fechar os caminhos deles", e a solução que se oferece a estas pobres almas escravas são rituais de "magia cristã", com os quais eles certamente apaziguarão os espíritos maus. Note bem: tudo isto dentro de templos (supostamente) cristãos e em nome de Jesus!

O que vemos na mídia religiosa é na verdade totalmente anti-cristão. É energizado por principados e potestades. Todo este engano está fazendo com que as pessoas troquem apenas o nome da escravidão a que estão sujeitas. As filas que se fazem diante dos "apóstolos" ou dos "profetas" não são diferentes das que se fazem diante dos pais-de-santo ou dos médiuns. O nome de Jesus está ali apenas como um recurso de marketing.

Alguém certa vez disse que o engano é algo muito parecido com a verdade, mas que não é verdade. É uma definição ótima para o que estamos testemunhando nestes dias. A apostasia predita por Paulo na segunda carta aos tessalonicenses já é uma realidade. O relógio profético de Deus está perto de badalar.

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