domingo, 15 de março de 2009

Algumas Visões De Como Acontece A Vida Cristã - Parte 2

A visão da santificação total e instantânea. 

Nesta perspectiva, entende-se que o discípulo, ao receber Jesus como seu senhor e salvador, recebe também uma condição de completa impecabilidade e que, a partir deste momento, sua jornada no mundo irá se realizar sem falhas morais, em perfeita harmonia com o caráter e vontade divinas.

O pecado é entendido como evidência da ausência do verdadeiro novo-nascimento e o arrepender-se é exclusivamente para que a pessoa deixe uma vida de engano na religião e receba a verdadeira vida eterna. Não há um conceito de santificação progressiva nem de restauração para o discípulo caído. Um tal ambiente produzirá, inevitavelmente, cristãos estressados, frustados e desistentes. A carreira cristã torna-se um projeto utópico e irrealizável. E o que é pior: sem um caminho de volta!  Gera também cristãos farisaicos, cheios de orgulho por, aparentemente, levarem uma vida sem pecado.

É compreensível como certos pensadores cristãos chegaram a um padrão doutrinário tão extremo. Há, de fato, inúmeros textos que podem ser lidos nesta perspectiva de perfeição consumada. Vejamos alguns:"

E estais perfeitos nEle, que é o cabeça de todo principado e potestade (...)” - Cl.2:10.

"Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado (...)" - I Jo.5:18.

"Entretanto expomos a sabedoria entre os perfeitos (...)" - I Co. 2:6.

Poderíamos citar outros, mas estes já dão uma idéia de como a Bíblia pode ser usada para dizer muito além do que realmente disse.

Todos os textos acima falam da condição posicional do cristão em Cristo, que é, Ele sim, perfeito. Quando Deus-Pai olha, Ele vê o discípulo através de e em Cristo. Por isso Paulo pôde dizer que os crentes foram ressuscitados e estão assentados com Cristo nas regiões celestiais (Ef.2:6). Mas, fisicamente ainda estão neste mundo. E é por isso que a mesma Escritura exorta à firmeza, à perseverança, às boas-obras (II Pd.1:1-12). Bem como, provê abundante restauração para a ovelha caída no pecado e desejosa de voltar ( Lc.15; II Co.2:5-11; I Jo.1:9, 2:1). É muito oportuno lembrar as humildes palavras do apóstolo Pedro: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós?” (At.15:10).

Assim, esta visão também não está de acordo com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e, portanto, não é o padrão para nós.


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