sexta-feira, 20 de março de 2009

Algumas Visões De Como Acontece A Vida Cristã - Parte 4

Uma visão equilibrada.

A dinâmica da vida cristã pode ser definida através de duas palavras: relacionamento e crescimento. Qualquer perspectiva que ignore ou diminua a operação destas duas realidades não pode ser encarada como correta. O que pudemos verificar nas visões da vida cristã apresentadas foi exatamente isto: elas erram num modo, ou no outro. Ou em ambos.

Na visão católico-romana, não existe relacionamento e nem crescimento. O fiel simplesmente comparece, recebe e se vai. Por isso, propositalmente, o gráfico foi representado através de uma linha horizontal, apontando para estas deficiências.

A visão da santificação instantânea por sua vez, apesar de pressupor alguma forma de relacionamento com Deus, não deixa muito espaço para um crescimento espiritual, já que o discípulo, nesta perspectiva, alcança um elevadíssimo nível de santidade logo na salvação, cabendo a ele depois , apenas administrar esta "exaltada condição".

Na visão pentecostal tradicional existe crescimento, mas não relacionamento. Ou, dizendo de outra maneira, existe uma relação não amorosa, pois o discípulo tem que praticamente "arrancar" sua benção das mãos de um deus resistente em entregar. E, uma tal relação, não pode ser saudável.

O que nos resta então?

Nos resta o equilíbrio. Apresento o gráfico abaixo como uma modesta tentativa de visualização de como a vida cristã deveria se desenvolver.



Logo após a experiência da salvação, o discípulo entra numa relação filial com Deus, que o adota, o lava, o santifica e justifica (Rm.8:15; I Co.6:11). E, num relacionamento deste tipo, não há sentido em manter atitudes de medo, ou de barganha. Tudo isto pertence à velha vida, onde a permuta interesseira é o padrão. O discípulo deve saber que em Cristo, todos os recursos do Pai celestial estão a sua disposição e que podem ser acessados a qualquer tempo (Mt.6:25-34; Ef.1:3; Fp.4:19). E quando falamos de recursos, não nos referimos a coisas materiais (que sem dúvida, estão incluídas), mas principalmente a provisão para o crescimento espiritual, que é a vontade de Deus-Pai para o filho-discípulo (I Ts.3:12). Deus-Pai espera deste novo filho, uma disposição mental adequada (Rm.12:1-2; Cl.3:1-4), pela qual ele efetivamente crescerá na fé, estando assim, sempre habilitado a alcançar níveis mais altos de vida com Deus. O alvo final desta vida elevada, é a semelhança com o Filho perfeito, Jesus Cristo (Ef.4:13). Esta semelhança não é uma utopia, mas um alvo alcançável ainda nesta vida(Rm8:11; Gl.5:16). O discípulo pode desenvolver uma tal identificação com o Senhor a ponto de ser um com Ele (Jo.17:21-23). Isto é relacionamento. Relacionamento que cresce e é fortalecido. O caráter do fiel irá pouco a pouco ser restaurado, ser limpo de toda as manifestações da velha vida.

E os enchimentos do Espírito Santo?

Eles pouco a pouco, deixarão de ser pontuais e episódicos, para se tornarem parte integrante da vida e cotidiano do discípulo. Jesus não precisava se preparar para operar no poder de Deus. Ele sempre estava pronto ( Jo.11: 41-42). O mesmo pode acontecer com qualquer fiel (Jo.14:12). À medida em que o caráter se alinhar com o carisma, a vida cristã se tornará uma "unidade" em Deus. Toda incoerência e obstáculo será removido. O fluir do Espírito Santo acontecerá sem impedimentos. A mente experimentará a bendita renovação, os pensamentos ficarão cativos ao Senhor Jesus (IICo.10:4-5), a carne com suas concupiscências será realmente crucificada (Gl.5:24). O amor ágape torna-se-a a motivação das obras praticadas pelo discípulo (I Co.13:1-13).

Ao longo da história da igreja, foram poucos os homens e mulheres fiéis que experimentaram este nível de espiritualidade, infelizmente. Mas isto não faz deste projeto de vida algo impraticável. Serve apenas para nos lembrar que, a vida cristã vivida no padrão de Deus, é algo totalmente além e acima dos nossos modelos religiosos. É uma experiência completamente sobrenatural, sobre-humana, divina. 

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